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Nossa opinião sobre Gypsy

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“Para ser stripper é preciso não ter talento”. É com essa afirmação, em determinado momento do espetáculo, que as três veteranas do teatro burlesco Tessie Tura (Liane Maya), Mazeppa (Sheila Matos) e Electra (Ada Chaseliov), tentam convencer a jovem e ainda recatada Louise (Adriana Garambone) a tornar-se Gypsy Rose Lee, futura stripper de sucesso. A frase, no entanto, não faz sentido algum quando, no Teatro Alfa, nos deparamos com essas três decadentes damas da noite dando um cômico show de interpretação. Se você pensou que o citado acima é apenas um ponto alto do espetáculo, enganou-se: o espetáculo, em si, é alto em todos os pontos. Gypsy, em todos os sentidos, é uma exibição de talento puro.

Desde o primeiro acorde da orquestra até os momentos finais, o que vemos no palco é uma vontade grandiosa de interpretar e fazer a platéia sentir; fato logo constatado quando conhecemos Rose (Totia Meireles), uma mãe em uma jornada incessante em busca do sucesso de suas filhas (Adriana Garambone e Renata Ricci ). Mama Rose é uma figura mandona, vívida e elétrica, mas totalmente adorável e, de certa forma, cômica. Acima de tudo, a matricarca é muito forte e ambiciosa; características que Totia consegue exibir com louvor, garantindo um show à parte.

Totia brilha. E isso também vale para Adriana Garambone, cuja personagem leva o nome da peça. Com muita facilidade, ela vive as duas fases de sua Gypsy – a da moça tímida e sem graça, num primeiro momento, e a da desejada showgirl – com uma versatilidade incrível. A mudança da garota, que está ligada a uma reviravolta no perfil do show bizz americano causado pela Grande Depressão, é ponto importantíssimo na peça, e muito bem executado pela atriz. Também casa perfeitamente no contexto a doce interpretação de Renata Ricci  como a mimada e loiríssima June,  a preferida da Mama.

A cena mais emocionante – ouso eleger -  e que vale um destaque, é quando Tulsa (André Torquato)  faz de seu par de dança uma vassoura ao som de ““All I Need is the Girl” (Só Me Falta o Meu Par). Nela, o público consegue acompanhar a vontade da jovem Louise em estar nos braços dele. Em sua única cena solo, o jovem ator, de apenas 17 anos, consegue exibir um ótimo número de sapateado, canto e dança. É de encher os olhos d’água. Sensível também é a cena que mostra a transição das crianças para a fase adulta; uma graça.

As músicas, empolgantes e fortes,  são de Jule Styne, o texto é de Arthur Laurents, as letras, de Stephen Sondheim ( as versões funcionam bem), e a coreografia, repleta de sapateado, de Jerome Robbins.

Quanto aos cenários, a impressão que temos é estarmos frente a um filme antigo americano. E a atuação das crianças, com destaque para o papel de Baby June, é graciosa e, como não poderia deixar de ser, engraçadinha.

Elementos que, unidos, fazem jus ao título de um dos mais consagrados musicais de todos os tempos. Por fim, o solo final de Mama Totia nos faz levantar dos assentos já com certa saudade. Sem dúvida, mais um sucesso para a coleção dos versionistas Möeller e Botelho.


Tessie Tura (Liane Maya), Mazeppa (Sheila Matos) e Electra (Ada Chaseliov)
Cena de destaque: Tulsa (André Torquato) e Louise (Adriana Garambone)
 ao som de "“All I Need is the Girl” (Só Me Falta o Meu Par)

Totia Meireles interpreta sua Mama Rose
Texto por: Patricia Ferrari 


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